Publicado no Diário Oficial do Município do Rio de Janeiro, em 25/07/2013
Carioca tem bebê no mesmo dia e horário que duquesa e, como ela, deixa unidade de saúde em 24 horas
Londres, 22 de julho, 16h24: a
duquesa de Cambrige, Kate Middleton, dá à luz, aos 31 anos, o herdeiro do trono
britânico, George Alexander Louis, terceiro na linha sucessória. Rio de
Janeiro, 22 de julho, 16h25: a enfermeira Mariana Cristina Pereira de Jesus dos
Santos dá à luz, aos 32 anos, seu próprio reizinho, Arthur. Mães de primeira
viagem, ambas optaram pelo parto normal, a duquesa no Hospital St. Mary´s e a
carioca na Casa de Parto David Capistrano Filho, em Realengo. Enquanto o
trabalho de parto de Kate levou mais de dez horas, o de Mariana durou um pouco
menos, seis horas. Ambos os bebês nasceram saudáveis e com suas mães tiveram
alta no dia seguinte.
Mais do que coincidências de data e horário, as histórias de Kate e Mariana
chamam a atenção para a opção pelo parto normal, considerado menos arriscado
para a mãe e o bebê do que uma cesariana, esta recomendada somente quando há
necessidade clínica. Seus benefícios vão desde uma melhor recuperação da mulher
e redução dos riscos de infecção hospitalar até uma incidência menor de
desconforto respiratório do bebê. Na cesariana também é mais frequente a
ocorrência de infecção e hemorragia, além da possibilidade de laceração
acidental de algum órgão, como bexiga, uretra e artérias. A gestante pode ainda
ter problemas de cicatrização capazes de afetar a próxima gravidez.
No caso de Mariana, a opção
pelo parto normal a levou à Casa de Parto David Capistrano Filho, onde é
realizado exclusivamente esse tipo de parto e apenas em gestantes de baixo
risco, acompanhadas na unidade desde o início da gestação. Assim como o
príncipe William, que esteve sempre ao lado de Kate, o marido de Mariana, o
policial militar Gandhi Ferreira dos Santos, de 32 anos, também acompanhou a
mulher nas seis horas que antecederam ao nascimento de Arthur.
"Estávamos muito tranquilos
e felizes porque tudo estava acontecendo da forma como tínhamos
planejado", disse Mariana.
A Organização Mundial da Saúde
(OMS) considera que o índice ideal de cesarianas é de 15%. No município do Rio,
tirando a David Capistrano, onde todos os partos são normais, o Hospital
Maternidade Maria Amélia Buarque de Hollanda é o que tem a menor taxa de
cesarianas e a mais próxima do recomendado pela OMS. Dos 3.163 partos
realizados na maternidade do Centro em seu primeiro ano de funcionamento,
apenas 18% foram cirúrgicos. Entre as unidades da Secretaria Municipal de Saúde
(SMS), o índice de cesarianas é de 36%. Na rede particular, 93% dos partos são
cirúrgicos, o que eleva a média geral da cidade para 57%. No Brasil, 52% de
todos os partos realizados (incluindo as redes pública e privada) são
cesarianos.
O incentivo ao parto natural
humanizado é uma recomendação do Sistema Único de Saúde (SUS) e faz parte da
proposta do programa Cegonha Carioca, da Secretaria Municipal de Saúde. As boas
práticas incluem a garantia de acompanhante à gestante, respeito à privacidade
da mulher e à liberdade de movimentar-se e alimentar-se durante o trabalho de
parto e de escolha da posição do parto.
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